terça-feira, 19 de maio de 2009

O QUE É O ESPIRITISMO

CAPÍTULO PRIMEIRO

PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA

SEGUNDO DIÁLOGO – O CÉPTICO

Quarta Parte

DISSIDÊNCIAS

Visitante – Essa diversidade na crença do que chamais uma ciência, me parece será sua condenação. Se essa ciência repousasse sobre fatos positivos, não deveria ser a mesma na América como na Europa?

A.K – A isso eu responderei primeiro que essa diferença está mais na forma que no fundo. Ela não consiste na realidade, senão na maneira de encarar alguns pontos da doutrina, mas não constitui um antagonismo radical nos princípios, como afetam em dizer nossos adversários, sem haverem estudo a questão.

Mas, dizei-me qual é a diferença que, em seu inicio, não suscitou dissidências até que seus princípios estivessem claramente estabelecidos? Não existem dissidências, ainda hoje, nas ciências melhor constituídas? Todos os sábios estão de acordo sobre o mesmo princípio? Não têm eles seus sistemas particulares? As sessões do Instituto apresentam sempre o quadro de um entendimento perfeito e cordial? Em medicina não há a Escola de Paris e a de Montpellier? Cada descoberta, em uma ciência, não é ocasião de uma cisma entre os que querem avançar e os que querem manter-se atrás?

No que concerne ao Espiritismo, não é natural que, na aparição dos primeiros fenômenos, quando se ignoravam as leis que os regiam, cada um tenha dado seu sistema particular e os examinados à sua maneira? Em que se tornaram todos esses sistemas primitivos isolados? Eles ruíram diante de uma observação mais completa dos fatos. Alguns anos bastaram para estabelecer a unidade grandiosa que prevalece hoje na doutrina e que reúne a imensa maioria dos adeptos, salvo algumas individualidades que aqui como em todas as coisas, se agarram às idéias primitivas e morrem com elas. Qual a ciência, qual a doutrina filosófica ou religiosa que oferece semelhante exemplo? O Espiritismo jamais apresentou a centésima parte das divisões que afligiram a Igreja durante vários séculos, e que a dividem ainda hoje.

É verdadeiramente curioso ver as puerilidades às quais se fixam os adversários do Espiritismo; isso não indica a falta de razões sérias? Se as tivessem, eles não deixariam de apresentá-las. Que lhe opõem? Zombarias, negações, calúnias, mas, argumentos peremptórios, nenhum. A prova de que não encontraram um lado vulnerável é que nada detém sua marcha ascendente, e que depois de dez anos ele conta mais adeptos do que jamais o contou alguma seita depois de um século. Esse é um fato tirado da experiência e reconhecido pelos próprios adversários. Para arruiná-lo, não basta dizer: Isto não existe, isto é um absurdo. Precisar-se-ia provar categoricamente que os fenômenos não existem e não podem existir. E é isso que ninguém fez.
(Continua amanhã)

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