sábado, 2 de maio de 2009

O QUE É O ESPIRITISMO
Capitulo Primeiro
PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA
Primeiro diálogo – O CRÍTICO
Primeira Parte

VISITANTE - Eu vos direi, senhor, que minha razão se recusa a admitir a realidade dos fenômenos estranhos atribuídos aos Espíritos e que, disso estou persuadido, não existem senão na imaginação. Todavia, diante da evidência, seria preciso se inclinar, e é o que farei se eu puder ter provas incontestáveis. Venho, pois, solicitar de vossa bondade e permissão para assistir somente a uma ou duas experiências, para não ser indiscreto, a fim de me convencer, se for possível.

ALLAN KARDEC – Desde o instante, senhor, que vossa razão se recusa a admitir o que nós consideramos fatos comprovados, é que vós a credes superior à de todas as pessoas que não compartilham de vossa opinião. Eu não duvido do vosso mérito e não teria a pretensão de colocar a minha inteligência acima da vossa. Admiti, pois, que eu me engano, uma vez que é a razão que vos fala, e que esteja dito tudo.

VISITANTE – Todavia, se vós chegásseis a me convencer, eu que sou conhecido como antagonista das vossas idéias, isso seria um milagre eminentemente favorável à vossa causa.

A.K. – Eu o lamento, senhor, mas não tenho o dom dos milagres. Pensais que uma ou duas sessões bastarão para vos convencer? Isso seria, com efeito, um verdadeiro prodígio. Foi-me necessário mais de um ano de trabalho para eu mesmo estar convencido, o que vos prova que, se o sou, não foi por leviandade. Aliás, senhor, eu não dou sessões e parece que vos enganastes sobre o objetivo de nossas reuniões, já que nós não fazemos experiências para satisfazer à curiosidade de quem quer que seja.

VISITANTE – Não desejais, pois, fazer prosélitos?

A.K. – Por que eu desejaria fazer de vós um prosélito se vós mesmo isso não desejais? Eu não forço nenhuma convicção. Quando encontro pessoas sinceramente desejosas de se instruírem e que me dão a honra de solicitar-me esclarecimentos, é para mim um prazer e um dever, responder-lhes no limite dos meus conhecimentos. Quanto aos antagonistas que, como vós, têm convicções firmadas, eu não faço uma tentativa para desviá-los, já que encontro bastantes pessoas bem dispostas, sem perder o meu tempo com as que não o são. A convicção virá, cedo ou tarde, pela força das coisas, e os mais incrédulos serão arrastados pela torrente. Alguns partidários a mai, ou a menos, no momento, não pesam na balança. Por isso, não vereis jamais zangar-me para conduzir às nossas idéias aqueles que têm tão boas razões como vós para delas se distanciarem.

(continua amanhã)

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