sexta-feira, 27 de março de 2009

HISTÓRICO DO ESPIRITISMO

HISTÓRICO DO ESPIRITISMO
Segunda Parte

Da América, esse fenômeno passou para a França e ao resto da Europa, onde, durante alguns anos, as Mesas Girantes e Falantes foram a moda, e se tornaram o divertimento dos salões; depois, quando delas se usou bastante, foram deixadas de lado, para passar a uma outra distração.
O fenômeno não tardou a se apresentar sob um novo aspecto que a fez sair do domínio da simples curiosidade. Os limites deste resumo não nos permitindo segui-lo em todas as suas fases, passaram, sem outra transição, ao que oferece de mais característico, ao que, sobretudo, fixou a atenção de pessoas sérias.
Dizemos preliminarmente, de passagem, que a realidade do fenômeno encontra numerosos contraditores, uns, sem levar em conta o desinteresse e a honorabilidade dos experimentadores, não viram nele senão um malabarismo, um hábil jogo de escamoteação. Aqueles que não admitem nada fora do mundo da matéria, que não crêem senão no mundo visível, que pensam que tudo morre com o corpo, os materialistas, em uma palavra: aqueles que se qualificam de espíritos fortes, rejeitaram a existência dos Espíritos invisíveis na classe de fábulas absurdas; taxaram de loucos aqueles que levavam a coisa a sério, e os acabrunharam com sarcasmos e zombarias. Outros, não podendo negar os fatos, e sob o império de certa ordem de idéias, atribuíram esses fenômenos à influência exclusiva do diabo, e procuraram, por esse meio, atemorizar os tímidos. Mas hoje o medo do diabo perdeu singularmente seu prestigio; tanto dele se falou, se o pintou de tantos modos que se está familiarizado com essa idéia, e muitos se disseram que era necessário aproveitar a ocasião para ver o que ele é realmente. Disso resultou que, à parte um pequeno número de mulheres tímidas, o anúncio da chegada do verdadeiro diabo tinha alguma coisa de picante para aqueles que não o viram senão em pintura e no teatro; foi para muitas pessoas, um poderoso estimulante: de sorte que aqueles que quiseram, por esse meio, opor uma barreira às idéias novas, foi contra seu objetivo, e tornaram-se, sem o querer, agentes propagadores tanto mais eficazes quanto gritavam mais forte. Os outros críticos não tiveram maior sucesso, porque, aos fatos constatados, aos raciocínios categóricos, não puderam opor senão denegações. Lede o que publicaram. Por toda parte encontrará a prova da ignorância e da falta de observação séria dos fatos, e nenhuma parte uma demonstração peremptória de sua impossibilidade; toda sua argumentação assim se resume “eu não creio,portanto, isso não existe; todos os que crêem são loucos; só nós temos o privilégio da razão e do bom-senso.” O número de adeptos feitos pela crítica séria ou bufa, é incalculável, porque por toda parte não se encontram senão opiniões pessoais, vazias de provas contrárias. Prossigamos nossa exposição.
As comunicações por pancadas eram lentas e incompletas; reconheceu-se que, adaptando-se um lápis a um objeto móvel; cesta prancheta ou outro, sobre o qual se colocavam os dedos, esse objeto se punha em movimento e traçava caracteres. Mais tarde reconheceu-se que esses objetos não eram senão acessórios os quais se podia dispensar; a experiência demonstrou que o Espírito, agindo sobre um corpo inerte para dirigi-lo à vontade poderia agir, do mesmo modo, sobre o braço ou a mão a fim de conduzir o lápis. Teve-se , então, os médiuns escreventes, quer dizer, pessoas escrevendo de modo involuntário sob o impulso de Espíritos, dos quais se achavam assim os instrumentos e os intérpretes. Desde esse momento, as comunicações não tiveram mais limites, e a troca de pensamentos pôde ser feita com tanta rapidez e desenvolvimento quanto entre os vivos. Era um vasto campo aberto à exploração, a descoberta de um mundo novo; o mundo dos invisíveis, como o microscópio descobrira o mundo dos infinitamente pequenos.

(continua amanhã)

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