sábado, 14 de fevereiro de 2009

O DOM SUPREMO

O DOM SUPREMO
13ª Parte

Falta acrescentar pouca coisa sobre as razões que levaram Paulo a considerar o Amor como o Dom Supremo.
Falta apenas analisar a principal razão. Algo muito importante, que pode ser resumido numa frase curtíssima:
O Amor permanece.

“O Amor”, insiste Paulo, “jamais acaba”. Então ele nos dá mais uma de suas maravilhosas listas. Fala de assuntos que eram importantes em sua época. Coisas que todos garantiam serem eternas.
E mostra como são frágeis, temporárias, agonizantes.
“Havendo profecias, desaparecerão.”
Naquele tempo, o sonho de todas as mães era que seus filhos se tornassem profetas. Durante séculos e séculos DEUS tinha escolhido falar ao mundo por meio dos profetas, e estes eram mais poderosos que os Reis. Os homens esperavam, aflitos, que chegassem um novo mensageiro do Alto e o honravam quando ele aparecia.
Paulo é implacável: “Havendo profecias, desaparecerão.”
A Bíblia está repleta de profecias. Mas, na medida em que foram transformadas em realidade, perderam seu verdadeiro sentido. Desapareceram como profecias, para se tornarem apenas o alimento da fé de homens piedosos.

Então, Paulo fala sobre as línguas.
“Havendo línguas, cessarão”, diz ele.
Tanto quanto sabemos, já se passaram milhares de anos desde que as primeiras surgiram sobre a face da Terra. Elas ajudaram o homem a se organizar, crescer e sobreviver num mundo perigoso e hostil. Onde estão estas línguas?
Desapareceram.
Os egípcios construíram pirâmides e gravaram sua escrita em monumentos que permanecem até hoje. Ainda existem como nação, mas sua língua original desapareceu.
Considere estes exemplos da maneira que você quiser – inclusive no sentido literal. Embora não fosse esta a principal preocupação de Paulo, pelo menos podemos entender melhor o que ele estava falando. A carta aos Coríntios, que lemos e que discutimos durante todo este tempo, foi escrita originalmente em grego antigo.
Se formos até a Grécia com o texto original, pouquíssimas pessoas seriam capazes de decifrá-lo.
Há mil e quinhentos anos atrás, o latim dominava o mundo. Hoje não significa mais nada. Reparem as línguas indígenas: estão desaparecendo. A língua original do País de Gales, ou da Escócia, está morrendo diante de nossos olhos.
O livro mais popular da Inglaterra – com exceção da Bíblia – é o Pickwick Papers, de Charles Dickens. Foi quase todo escrito num inglês falado pelas pessoas nas ruas. Pois bem: estudiosos nos garantem que, em cinqüenta anos, este livro será ilegível para o leitor comum.
Então, Paulo vai mais longe e acrescenta, com ênfase: “havendo ciência, passará.”
Onde está a ciência dos antigos? Sumiu por completo. Hoje, um menino de escola secundária conhece muito mais que Sir Isaac Newton – o descobridor da Lei da Gravidade – conhecia na sua época. O Jornal que nos traz as novidades da manhã é jogado fora quando chega a noite. Compramos enciclopédias de dez anos atrás por apenas alguns tostões – porque as conquistas científicas que estão em suas paginas já foram completamente ultrapassadas.
Reparem como a carruagem puxada a cavalo foi substituída pelo vapor. E como a eletricidade, por sua vez, ameaça superar o vapor, jogando no esquecimento centenas de invenções que apenas acabaram de nascer. Umas das maiores autoridades do dia de hoje, Sir William Thomson, garante: “O motor a vapor em breve deixará de existir.”
“Havendo ciência, passará.”
Vemos no fundo dos quintais algumas rodas velhas, peças quebradas, objetos de ferro corroídas pela ferrugem; vinte anos atrás, estas mesmas peças faziam parte de objetos que eram orgulho de seu dono.
Agora não representam mais nada, a não ser um estorvo do qual não conseguimos nos livrar.
Toda ciência e toda filosofia de nossa época, de que tanto nos orgulhamos, um dia envelhecerão.
Alguns anos atrás, a maior autoridade de Edimburgo era Sir James Simpson, o descobridor do clorofórmio e o precursor da anestesia. Recentemente, o bibliotecário da Universidade onde Sir James Simpson lecionava, pediu ao sobrinho do cientista que se livrasse dos livros do seu tio. Estes já não tinham qualquer interesse para os novos estudantes.
O sobrinho disse ao bibliotecário: “Não são apenas os livros do meu tio. Qualquer livro científico com mais de dez anos deve ser levado para o porão.”
Sir James Simpson era uma pessoa mundialmente importante: cientista de todas as partes do planeta vinham consultá-lo.
Entretanto, suas descobertas – e quase todas as outras descobertas de sua época – foram superadas.

“Porque agora vemos como num espelho, obscuramente.”
Vocês podem me dizer algo que permaneça para sempre? Paulo deixou de mencionar muitas coisas. Não falou em dinheiro, fortuna, fama; limitou-se apenas às coisas importantes do seu tempo, às coisas a que se dedicavam os melhores homens da sua época. E as colocou, decididamente, de lado
Paulo nada tem contra as coisas em si; não falou mal delas. Tudo que disse foi que elas não durariam. Eram coisas importantes, mas não eram dons supremos.
Existia algo além delas.
O que somos é mais do que fazemos, e muito mais do que possuímos. Muitas coisas, que os homens chamam de pecado, não são pecados; são sentimentos e deslizes que desaparecem rápido.
Efêmeros.
Este é um argumento favorito do Novo Testamento. João não nos diz que o mundo está errado; diz que “passará.”
Existem muitas coisas no mundo que são belas; coisas que nos entusiasmam e nos engrandecem.
Mas não vão durar. Todo o reino deste mundo, o deslumbramento de visão, os prazeres da carne, o orgulho, tudo existe apenas por um breve momento.
Por isso não deixe que seu amor se prenda às coisas do mundo. Nada que o mundo contém vale a dedicação e o tempo de uma alma imortal. A alma imortal deve entregar-se a algo que é imortal.
E as coisas imortais são: “a Fé, a Esperança e o Amor.”
Alguns podem dizer, inclusive, que duas destas coisas também passam: a fé, quando sentimos e vivemos a presença de DEUS, e a esperança, quando é satisfeita e preenchida.
Mas, com todo certeza, o Amor continuará presente.
DEUS, o ETERNO DEUS, é Amor. Busquem, portanto, o Amor – este momento eterno, a única coisa que vai permanecer quando a própria raça humana tiver chegado ao final de seus dias. O Amor será sempre a única moeda corrente aceita no Universo, quando todas as outras moedas, de todas as nações, tiverem perdido seu uso e seu valor.
Se vocês querem se entregar a muitas coisas, entreguem-se primeiro ao Amor – e tudo o mais lhes será acrescentado. Dê a cada coisa o seu devido valor.

(continua amanhã)

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