segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O DOM SUPREMO

O DOM SUPREMO
8ª Parte

O próximo ingrediente é TOLERÂNCIA. “O Amor não se exaspera”.
Somos inclinados a julgar a intolerância como um defeito de família, uma característica da personalidade, uma distorção da natureza, quando na verdade deveríamos considerá-la uma verdadeira falha do caráter do homem. Em razão disso, na análise que faz do Amor, Paulo cita a tolerância. E a Bíblia, em muitas outras passagens, cita a intolerância como elemento mais destruidor da nossa maneira de agir.
O que mais me impressiona é que a intolerância, o preconceito, está sempre presente na vida de pessoas que se julgam virtuosas. Geralmente é a grande mancha numa personalidade que tinha tudo para ser gentil e nobre. Conhecemos muitas pessoas que são quase perfeitas mas que – de repente – acham que estão certas em alguma coisa e perdem a cabeça por causa disto.
Esta suposta boa relação entre a virtude e a intolerância é um dos mais tristes problemas da raça humana e da sociedade.
Na verdade, existem dois tipos de pecado: pecados do corpo e pecados do espírito. Em certa parábola do Novo Testamento, o Filho Pródigo abandona sua família e sai pelo mundo, enquanto o irmão mais velho fica junto ao pai. Depois de muitas desgraças, o Filho Pródigo resolve voltar, e o pai dá uma grande festa em sua homenagem. Ao saber disso, o irmão mais velho revolta-se contra o pai.”Não fiquei aqui ao seu lado este tempo todo, trabalhando, enquanto ele gastava a sua herança?”, pergunta.
Podemos considerar que o Filho Pródigo comete o primeiro tipo de pecado, enquanto o irmão, o segundo. A sociedade, curiosamente, garante saber qual dos dois tipos de pecado é o pior, e sua condenação cai, sem sombra de dúvida, sobre o Filho Pródigo. Mas será que estamos certos?
Não temos nenhuma balança para pesar o pecado dos outros, e “melhor” ou “pior” são apenas duas palavras do vocabulário. Mas eu vos digo: faltas mais sofisticadas podem ser muito mais graves do que as simples e óbvias.
Aos olhos Daquele que é Amor, um pecado contra o Amor é cem vezes pior. Não existe nenhum vicio, ou desejo, ou avareza, ou luxúria, ou embriaguez que seja pior que um temperamento intolerante.
Por tornar a vida amarga.
Por destruir comunidades.
Por acabar com muitas relações.
Por devastar lares.
Por sacudir homens e mulheres de suas bases.
Por tirar toda a exuberância da juventude.
Por seu poder gratuito de produzir miséria, a intolerância não tem concorrente.
Olhamos para o irmão mais velho, correto, trabalhador, paciente, responsável. Vamos dar a ele todo crédito de suas virtudes – olhemos para este rapaz, para esta criança que agora se encontra na porta da casa, diante de seu pai.
“Ele se indignou”, nós lemos, e não queria entrar”. Como a atitude do irmão deve ter afetado o Filho Pródigo! E quantos filhos pródigos são mantidos fora do Reino de DEUS por causa destas pessoas sem amor, que garantem estar do lado de dentro!
Como devia estar o rosto do irmão mais velho ao dizer aquelas palavras? Coberto por uma nuvem de ciúme, raiva, orgulho, crueldade, certeza que havia agido sempre direito. Determinação, ressentimento, falta de caridade. São estes os ingredientes desta alma escura e sem amor. São estes os ingredientes da intolerância e do preconceito.
E todos nós, que já sofremos este tipo de pressão muitas vezes na vida, sabemos que estes pecados são muito mais destruidores do que os pecados do corpo.
Não falou o próprio CRISTO a este respeito, quando disse que as prostitutas e os pecadores entrariam primeiro no Reino dos Céus, na frente dos sábios de sua época?
Não existe lugar no Reino para os preconceituosos e os intolerantes. Um homem preconceituoso conseguiria tornar o Paraíso insuportável para si e para os outros.
Se o intolerante não nascer de novo, deixando de lado tudo aquilo que julga intocável e certo, ele não pode – simplesmente não pode – entrar no Reino dos Céus.
Porque, para entrar no Reino dos Céus, o homem precisa carregar o Paraíso em sua alma.

(continua amanhã)

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