segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O DOM SUPREMO - 1ª Parte

O DOM SUPREMO
HENRY DRUMMOND

No final do século passado, numa tarde fria de primavera, um grupo de homens e mulheres se reuniu para escutar o mais famoso pregador daquela época. Eram pessoas vindas de diversos lugares da Inglaterra, ansiosas para ouvir o que o homem tinha a dizer.
Mas o pregador, depois de oito meses percorrendo diversos paises do mundo num cansativo trabalho de evangelização, sentia-se vazio. Olhou a pequena platéia, ensaiou algumas frases, e terminou por desistir. O Espírito de DEUS não o havia tocado naquela tarde.
Triste, sem saber o que fazer, virou-se para um jovem missionário que estava entre os presentes. O rapaz havia regressado da África há pouco tempo, e talvez tivesse alguma coisa interessante para dizer.
Pediu, então, que o rapaz o substituísse.
As pessoas reunidas naquele jardim da pequena cidade ficaram um pouco desapontadas.
Ninguém sabia quem era o jovem missionário. Na verdade, ele nem era um missionário: havia recusado sua ordenação como ministro, porque não estava seguro de que aquela fosse sua verdadeira vocação.
Procurando uma razão para viver, procurando a si mesmo, o rapaz havia passado dois anos no interior da África – entusiasmado com o exemplo de pessoas que iam atrás de um ideal.
As pessoas no jardim não gostaram da troca. Tinham vindo por causa de um pregador experiente, sábio, famoso. E agora eram obrigados a ouvir uma pessoa que – assim como elas – ainda lutava para encontrar a si mesma.
Mas Henry Drummond – este era o nome do rapaz – havia aprendido algo.
Henry pediu emprestada uma Bíblia de um dos presentes e leu um trecho da carta que Paulo escreveu aos coríntios.
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine”.
“Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver amor, nada serei.”
“E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”.
“O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
“O amor jamais acaba. Mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará. Porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, o que então é em parte será aniquilado”.
“Quando eu era menino, falava como um menino, sentia como um menino. Quando cheguei a ser homem, desistir das coisas próprias de menino”.
“Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, e então veremos face a face; agora conheço em parte, e então conhecerei como sou conhecido”.
“Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança, e o Amor. Estes três. Porém, o maior deles é o AMOR”.

Todos escutaram em silencio respeitoso. Mas estavam decepcionados. A maior parte já conhecia o trecho, e já havia meditado longamente sobre ele. O rapaz podia ter escolhido algo mais original, mais palpitante.
Quando acabou de ler, Henry fechou a Bíblia, olhou para o céu, e começou a falar:

(continuamos amanhã)

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