domingo, 23 de novembro de 2008

A INDULGÊNCIA - Parte IV

Ninguém sendo perfeito segue-se que ninguém tem o direito de repreender o próximo?

Seguramente não, uma vez que cada um de vocês deve trabalhar para o progresso de todos, e, sobretudo daqueles cuja tutela confiada a vocês. Mas é uma razão de o fazer com moderação, com um fim útil, e não como se faz geralmente, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a censura é uma maldade. No primeiro é um dever que a Caridade manda cumprir com todas as reservas. E ainda a censura que se lança sobre os outros, ao mesmo tempo, deve-se dirigi-la a si mesmo e se perguntar se não a terá merecido.

Será repreensível observar as imperfeições dos outros, quando disso não pode resultar nenhum proveito para eles, quando não sejam divulgadas?

Tudo depende da intenção. Certamente, não é proibido ver o mal quando o mal existe. Haveria mesmo inconveniente em não ver por toda
parte senão o bem. Essa ilusão prejudicaria o progresso. O erro está em fazer resultar essa observação em detrimento do próximo, depreciando-o sem necessidade na opinião pública. Seria ainda repreensível de não fazê-lo sena para nisso comprazer-se com um sentimento de malevolência e de alegria em apanhar os outros em falta. Ocorre de outro modo quando, lançado um véu sobre o mal, para o público, se se limita a observá-lo para dele fazer proveito pessoal, quer dizer, para estudá-lo e evitar o que se censura nos outros. Essa observação, aliás, não é útil ao moralista? Como ele pintaria os defeitos da Humanidade se na estudasse os modelos?

Há casos em que seja útil revelar o mal de outrem?

Essa questão é muito delicada, e é aqui que é preciso apelar para a Caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa não prejudicam senão ela mesma, não há jamais utilidade em fazer conhecê-las. Mas se podem causar prejuízos a outros, é preciso preferir o interesse da maioria ao interesse de um só. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira, pode ser um dever, porque vale mais que um homem caia, do que vários se tornarem enganados ou suas vitimas. Em semelhante caso, é preciso pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes.

(trecho extraído do Evangelho Segundo o Espiritismo)

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