sábado, 14 de janeiro de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Aqueles que se mantêm fiéis conhecem apenas o lado trivial do amor, só os infiéis é que conhecem as tragédias do amor

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DO DIA


Cuidado com as pessoas: elas nem sempre falam o que pensam e nem sempre pensam o que falam

Autor: Desconhecido

SOMBRAS DO PASSADO - Livro de Haroldo Freitas

CONTINUAÇÃO

Trouxe também mais trabalho e responsabilidade. Quando não estava viajando, para as filiais na América do Sul ou para a Matriz, em Miami, ficava em reuniões até altas horas da noite. Nos finais de semana, quando não recebia em casa amigos e clientes, estava visitando-os em suas casas. No principio, Cida adorava receber e visitar pessoas diferentes, fazer novas amizades. Mas, com o passar do tempo, aquilo foi tornando-se uma rotina cansativa e maçante. Já não tinha tempo de ficar a sós com o marido. Quando voltavam dessas visitas e festas, estavam exaustos.
Ronaldo, absorvido com os problemas da Empresa e a expansão dos negócios, não tinha tempo para dar atenção a Carol e, quando Cida, nos poucos momentos de intimidades, falava dos problemas com a filha, era motivo para discussões e brigas. Ele alegava que tinha muitos problemas da Empresa resolver e os domésticos ela é quem deveria resolvê-los.
Cida amava o marido e sabia que era amada, mas estava vendo, que aos poucos, o seu casamento estava acabando. Tudo por causa do comportamento de Carol, o que a fazia não ter paciência para conversar com a filha, de maneira ponderada e compreensiva.


Sabia que ela estava errada e tinha a obrigação de consertá-la de qualquer maneira, como se fosse um objeto ou uma máquina.
Por seu lado, Carol, que fora criada, desde o seu nascimento, com suas vontades, desejos e caprichos atendidos sem a menor contestação, achava-se com direito, principalmente agora que já se considerava adulta, de escolher o que era melhor para si. Da sua turma, a única que tinha uma mãe chata e careta era ela. As outras meninas da turma, algumas mais novas, tinham total liberdade de suas mães, que eram modernas e tinham consciência que estavam vivendo nos anos noventa e não como a sua mãe, que parecia estar nos anos cinquenta. O relacionamento entre as duas nem parecia de mãe e filha e sim de duas pessoas estranhas e inimigas.
D. Beatriz, avó de Carol, por parte de pai, tivera somente um filho, o Ronaldo. Ficara viúva a pouco mais de dez anos e não aceitava ir morar com o filho, preferindo morar sozinha, embora tendo um ótimo relacionamento com a nora. Gostava muito da neta e era a sua confidente, principalmente nos conflitos com a mãe. Cida tinha dois irmãos, ambos casados e, era a caçula.

Ficara órfã aos quatros anos, quando um acidente de automóvel tirou a vida de seus pais. Ela e os irmãos foram criados por uma irmã de seu pai. Foram educados muito bem, inclusive, os dois irmãos, Edson e Abelardo formaram-se em advogado e dentista, respectivamente. A educação doméstica, desde o dia que passaram para a responsabilidade da tia, foi muito rígida. Tinham os direitos que toda criança e adolescente devem ter, também tinham obrigações e deveres, ou seja, os seus direitos tinham limites. Cida casou aos dezoito anos. Um casamento que tinha tudo para dar certo. Os noivos eram jovens, bonitos, com boa formação moral e intelectual e tinham total apoio de suas famílias, que eram conhecidas e amigas há muito tempo.
No inicio, apesar das dificuldades naturais de todos recém-casados, foi um período maravilhoso. Ronaldo voltava do serviço antes das dezenove horas encontrando Cida a sua espera, arrumada e cada dia mais bonita e apaixonada. O jantar, preparado pela empregada, era com os pratos preferidos dele. Nada tinha a reclamar, somente a agradecer a DEUS, por ter casado com uma mulher maravilhosa.
Logo, Cida ficou grávida de Rodrigo, que nasceu antes de completarem dois anos de casados.

A gravidez de Cida e o nascimento do filho uniram, ainda, mais o casal. Dificilmente passavam um final de semana em casa. Quando não iam para a casa de D. Beatriz ou para a casa dos irmãos de Cida, iam para a casa de praia, pertencente a D. Beatriz. Durante a semana, pelo menos uma noite, iam ao cinema ou teatro e aproveitavam para jantar fora. Sempre juntos, parecendo um casal de namorados.
Com o passar dos anos e a ascensão de Ronaldo na Empresa, que o obrigava a ficar trabalhando até tarde da noite, bem como as frequentes viagens, inclusive para Miami, o relacionamento foi esfriando. Rodrigo estava com cinco na os e Cida achou que estava na hora de ter outro filho, até porque, antes de casarem, tinham planejado ter dois filhos e, também, pensava que um novo filho, faria Ronaldo ser igual, como fora quando o Rodrigo nasceu. Porém, com o nascimento de Carol, as coisas pioraram. Cida passou a exigir mais atenção para ela e os filhos, principalmente para o bebê.
Ronaldo, para evitar as cobranças de Cida e, por conseguinte, as brigas diárias passou a viajar mais e prolongar as estadas fora da cidade, principalmente nos finais de semana. As viagens eram programadas, quase sempre, com partida as sextas e com retorno as terças feira.


Este clima desagradável se mantinha desde a gravidez de Carol até os dias atuais. Conforme Carol crescia, o relacionamento do casal piorava, estando, atualmente, em níveis insuportáveis. Quase não se falavam e quando acontecia era para brigarem e, o assunto era o comportamento de Carol.
Ronaldo pensara até em separação, mas amava a esposa e era fiel. Nunca tivera uma aventura fora de casa, por mais simples que fosse. Oportunidades não faltavam, principalmente durante as viagens. Na solidão dos quartos de hotéis, ficava pensando o que e porque daquela situação. O seu casamento estava, praticamente, acabado. No principio, com as dificuldades que passaram, eram felizes. Agora, com a sua vida profissional estabilizada, boa posição social, econômica e financeira, a felicidade acabara.
Não conseguia mais passar um fim de semana em casa com a família, preferia estar solitário nos quartos de hotéis para evitar ouvir cobranças e discutir com Cida e Carol. Já pedira conselhos a D. Beatriz, mas ao invés de conselhos, recebia convite para participar de uma sessão espírita, no Centro que sua mãe frequentava. Ela dizia que os problemas que estavam aparecendo em sua casa eram motivados por dividas contraídas em encarnações passadas.

CONTINUA AMANHÃ

DIVALDO FRANCO DEMONSTRANDO APLICAÇÃO DO PASSE MEDIÚNICO

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Amor é a força que cria vida em todos os seres.

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


A vida de todo ser humano é uma estrada em busca dele mesmo

Autor: Desconhecido

SOMBRAS DO PASSADO - Livro de Haroldo Freitas

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos Espíritos do meu Pai, da minha Mãe, dos meus Irmãos, aos Espíritos Benfeitores, ao meu Anjo Guardião, a minha Família e aos meus Amigos a inspiração que me deram para que eu pudesse escrever este singelo Livro.
Agradeço, também, ao meu sobrinho Bruno que criou a Capa.
Não tenho a pretensão de ser ou me tornar um Escritor, mas, confesso que fiquei muito alegre e feliz quando o Registro no Ministério da Cultura – Escritório de Direitos Autorais.
Haroldo Freitas
Salvador - Bahia

ESPIRITISMO CRISTÃO

ESPIRITISMO, como ensina André Luiz, é a revivescencia do Evangelho de Nosso Senhor JESUS CRISTO, e a mediunidade constitui um dos seus fundamentos vivos.

A mediunidade, porem, não é exclusiva dos chamados “médiuns”. Todas as criaturas a possuem, porquanto significa percepção espiritual, que deve ser incentivada em nós mesmos.

Não bastará, entretanto, perceber. È imprescindível santificar essa faculdade, convertendo-a no ministério do bem.

Para certificarmo-nos desta verdade e alcançarmos esta realidade, procuremos conhecer o Atos dos Apóstolos e as Epístolas desses primeiros seguidores de JESUS, bem assim, estudar o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, quando então, verificamos que, efetivamente, doutrina Espírita ou Espiritismo é o Evangelho de Nosso Senhor JESUS CRISTO, vivido e sentido, como o viveram e sentiram os primeiros discípulos do Mestre Inesquecível.

Aliás, quando nos adverte Emmanuel, nesta síntese admirável: “Espiritismo, revivendo o Cristianismo, eis a nossa responsabilidade”.

Neste passo, lembremos-nos de que, chegados os tempos, fez-se a LUZ, com a vinda do Cristo de DEUS-JESUS.

Se continuarmos na sombra, a culpa é nossa.
Despertemo-nos, portanto, para a LUZ e assim, dissipemos a sombra que ainda envolve a nossa caminhada. Sigamos à frente, servindo e confiando em DEUS.



SOMBRAS DO PASSADO



Vovó não agüento mais a minha mãe. Parece que ela não gosta de mim. Proibi-me de tudo, até de sair com meus colegas. Chegou ao cúmulo de querer ir à casa de uma amiga minha, para conversar com os pais dela, só porque disse que íamos para um aniversario e dormiria na casa dela.
Calma minha filha, ela só quer o seu bem.
Como o bem vovó? Ela não tem confiança em mim e quer levar-me ao ridículo. Já fiz quinze anos e tenho colegas de treze e quatorze anos que vão para onde querem e, sabe por quê? Os seus pais tem confiança nelas. A mamãe quer criar-me como foi criada.
E você acha que ela não foi bem criada?
Não é isso vovó, os tempos mudaram. Não estamos mais nos anos sessenta. Falta um pouco mais de um ano para entrarmos no terceiro milênio.
Minha neta, os anos passam, as modas mudam, mas o bom caráter e a boa moral, não.
Vovó é ridículo, toda vez que peço para sair à noite, com meus colegas.
Ela diz que só deixa se for junto. Já pensou eu chegar a um Barzinho com a minha mãe a tiracolo? Ia ser gozada o resto da vida. 3

Você precisa entender a sua mãe. Converse com ela, uma conversa franca, sem pré-julgamento. Garanto que, depois dela expor as suas razões, você a entenderá.
Acho muito difícil haver um diálogo entre nós. Ela não aceita o meu conceito de vida e eu não aceito o seu modo repreensivo de criação.
Carol prometo que irei falar com ela a seu respeito. Agora, conte-me como vai no novo Colégio? Os colegas são bons? E nas matérias, você está tendo dificuldades? 4
Não vai adiantar nada a senhora falar com a mamãe. Acho que ela tem algum trauma de infância. Provavelmente, foi muito reprimida pela minha avó e, agora, está indo a forra contra mim. O colégio e os alunos são iguais ao anterior. Não adianta trocar de colégio, professores e colegas, o meu ideal não muda. Preciso, literalmente, de liberdade, para poder ter condições de escolher o que é melhor para mim. Não uma liberdade vigiada, ou melhor, policiada, como no tempo da Ditadura.
Caroline tinha quinze anos. Filha de Ronaldo e Maria Aparecida, que tinham mais um filho, Rodrigo, atualmente, com vinte e um anos e no quarto ano de Medicina.


Rodrigo nunca dera trabalho aos pais, tanto nos estudos como na sua vida particular, inclusive na adolescência.
Carol, ao contrario, estava deixando os pais de cabelos brancos. Estava na sexta série há dois anos e andando com uma turma, do Colégio, nada recomendável. Para tentar mudar a situação, sua mãe, D.Cida, a transferiu para um Colégio mais rígido e administrado por Freiras. Todavia, quanto às amizades parece não ter dado resultado positivo. Carol continua saindo com os colegas do antigo Colégio.
O relacionamento entre mãe e filha era o pior possível. Não conseguiam conversar sem discutir. A cada dia o diálogo ficava mais difícil.
Ronaldo, executivo de uma Empresa Multinacional, devido a reuniões e viagens, passava pouco tempo em casa. A responsabilidade da casa e educação dos filhos, praticamente, ficava a cargo exclusivo da Cida.
Ronaldo e Cida formavam um casal feliz e amavam-se muito. Porém, há dois anos, a vida do casal estava tornando-se insuportável. Ronaldo fora promovido a gerente da filial do Brasil, cargo que lhe trouxe mais prestigio, privilégios, aumento de salário e poder.

CONTINUA AMANHÃ


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SOMBRAS DO PASSADO - Livro de Haroldo Freitas

DIVALDO FRANCO E OS MILAGRES

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PENSAMENTO DO DIA

Devemos ser bons. Não existem esforços inúteis quando empregados em prol da coletividade

Autor: Getúlio Vargas

MENSAGEM DIÁRIA

A paz não pode ser mantida pela força, só pode ser conseguida pela compreensão.

Autor: Desconhecido

REENCONTRO - LIVRO DE CHICO XAVIER - CAPÍTULO 21

CONTINUAÇÃO

HOMENAGEANDO CORNÉLIO PIRES


Um dos filhos mais ilustres de Tietê – cidade paulista localizada às margens do histórico rio que lhe empresta o nome – é, sem dúvida alguma, Cornélio Pires, um eterno namorado de sua terra.
Poeta, contista, jornalista, radialista, conferencista, cinegrafista, humorista, folclorista, considerado “o pai do folclore paulista” – ele foi, acima de tudo, humano e humanitário, vivendo em contato permanente com o povo, sua grande família, que tão bem soube analisar e compreender.
Dotado de um dinamismo invejável, gravou dezenas de discos com temas humorísticos e músicas sertanejas; realizou dois filmes documentários e escreveu 23 livros, atualmente todos esgotados, com exceção de Meu Samburá. Na sua obra literária destacaremos: Seleta Caipira, Conversas ao Pé do Fogo, Cenas e Paisagens de Minha Terra, Coisas d’Outro Mundo e Onde estás, ó Morte?, sendo estes dois últimos genuinamente espíritas. (*)
Cornélio foi espírita? Sim. Adepto consciente e devotado, muito divulgou o Espiritismo nas regiões por onde viajava. A propósito de sua conversão, escreveu Afonso Schmidt: “Um dia, começou a afastar-se dos grandes centros, a estudar, a riscar novos caminhos. Como Shakespeare passou a afirmar que, entre o Céu e a Terra, há coisas que ignora a vã filosofia. Mas ei-lo que volta, à publicidade. Traz para o público um recado diferente. Diferente de sua obra e da quase totalidade dos livros que por aí se publicam. É espírita. É uma mensagem de esperança a todos os infelizes que, vivendo a existência atribulada de nossos dias, acabaram por perder a fé nos altos destinos do ser humano” (Do artigo: “Lembranças... Cornélio Pires”, jornal O Democrata, Tietê, SP, 18/8/1974.)

Visitando Tietê

A caminho de Tietê, já identificamos o carinho com que Cornélio é lembrado pelo seu povo, observando o nome da Rodovia Estadual que liga essa cidade a Piracicaba: é o seu próprio!
Lá chegando, procuramos o historiador Benedicto Pires de Almeida, mais conhecido por Zico Pires, grande conhecedor da vida e da obra corneliana. Colhemos dele informes preciosos e com a sua orientação visitamos os seguintes pontos históricos, que recordam a memória de Cornélio, tão afetuosamente cultivada em sua terra natal:

1. Casa onde ele nasceu, há quase 1 século, a 13 de julho de 1884, no sítio de Nhá Bé, hoje da família Ghizzi. Distante poucos quilômetros da cidade, está localizada no Bairro do Garcia, a duzentos metros do rio Tietê.
2. Casa onde ele residiu durante muitos anos, no antigo Largo da Ponte, hoje Praça Cornélio Pires. O fundo do quintal desta casa fica à margem do rio Tietê.
3. Herma de Cornélio Pires, na Praça Dr. Elias Garcia, a principal da cidade. Numa das faces laterais da coluna de sustentação há uma placa em bronze com a relação de seus principais livros, incluindo os dois espíritas.
4. Casa dos Meninos do Tietê, ex Granja de Jesus, que assiste menores necessitados, geralmente órfãos. O sr. Zico Pires contou-nos que “Cornélio, nos últimos anos de sua vida, acalentou a ideia de fundar, em Tietê, uma instituição destinada a abrigar meninos desamparados de sua cidade. Num bairro da cidade comprou uma chácara de 3 ½ alqueires para tal finalidade. Alguns meses antes de falecer, conseguiu o apoio das autoridades da cidade para a fundação da sociedade que idealizara. Com a sua presença, em 14/8/1957, realizou-se uma assembleia no Fórum local, constituindo-se, então, a Granja de Jesus que teria sua sede na chácara doada pelo folclorista. Seis meses depois, Cornélio falecia, mas a diretoria deu andamento ao projeto, sendo inaugurada alguns anos após, estando em funcionamento até hoje”. Atualmente, ocupando uma área de 1000m2 de construção, abriga 24 órfãos. É mantida pela Prefeitura Municipal.
5. Cornélio faleceu a 17 de fevereiro de 1958, em São Paulo, após prolongada enfermidade. No mesmo dia, seu corpo foi trasladado para Tietê. No seu túmulo anotamos este interessante epitáfio gravado num livro aberto marmorizado:
“Cornélio Pires veio a este mundo de provações em 13-7-1884 e voltou à Pátria Espiritual em 17-2-1958. Cornélio Pires amou a sua terra e a sua gente. Aqui repousa o seu corpo, mas o seu espírito vive agora a verdadeira vida entre os bons.”
Exato. Pela sua produção vinda do Além, deduzimos que o poeta tieteense vive, realmente, a verdadeira vida com aqueles que trabalham, incansavelmente, com amor e renúncia em benefício da Humanidade.
Se problemas impedem, no momento, a reedição de suas obras, elaboradas quando encarnado, ele continua escrevendo, agora por via mediúnica, dentro de seu estilo inconfundível, páginas e páginas poéticas de grande valor. Até hoje, Cornélio Espírito, transmitiu pela psicografia de Chico Xavier (o 1o. em parceria com o médium Waldo Vieira) os seguintes livros: O Espírito de Cornélio Pires (Ed. FEB); Retratos da Vida e Conversa Firme (Ed. CEC); Baú de Casos (Ed. IDEAL); e Coisas deste Mundo (Ed. O CLARIM).
6. No edifício da Câmara Municipal, está bem instalado o Museu Histórico, Pedagógico e Folclórico “Cornélio Pires”, preservando a memória do ilustre folclorista e prestando real benefício aos estudiosos.

Cornélio em Itapira

O médium Francisco Cândido Xavier, visitando pela primeira vez a cidade de Itapira, SP, compareceu a uma reunião pública, no Cineteatro da Fundação Espírita “Américo Bairral”, na noite de 22 de agosto de 1973, quando psicografou o lindo poema Festa de Itapira, de autoria do Espírito de Cornélio Pires.
Meses depois, no mesmo local, na noite de 9 de janeiro de 1974, também em reunião pública, o médium Xavier recebeu do poeta tieteense outro poema, intitulado Encontro de Itapira.
E, recentemente, atendendo nosso pedido, o distinto e operoso confrade César Bianchi, residente naquela cidade, fez exaustivo e meticuloso trabalho de identificação dos personagens e demais citações das referidas poesias, do qual publicaremos, no próximo Capítulo, uma síntese. No início deste trabalho ele colocou um oportuno Esclarecimento, assim redigido:
“Dos personagens citados pelo Cornélio Pires, Chico Xavier somente conhecia Onofre Batista. Pela primeira vez, o médium esteve em Itapira, de passagem rápida, em 22/8/1973, o mesmo acontecendo quando aqui veio em 9/1/1974, numa visita que fez a um internato. Desconhecia, portanto, por completo, os demais personagens e as citações feitas por Cornélio.
A identificação dos personagens exigiu demorada pesquisa e contamos com a colaboração eficiente do João do Norte (João Torrecillas Filho).
O contato de Cornélio com a população itapirense, a partir de 1916, graças aos seus atraentes espetáculos, à sua expansividade e facilidade de penetração no meio ambiente social, é o que o tornou conhecidíssimo e estimado por todos, mantendo um convívio que lhe permitiu conhecer as pessoas e a história de Itapira. Esses seus amigos tomando conhecimento de que Cornélio iria estar presente e transmitiria mensagens pelo médium Xavier, não só aproveitaram a oportunidade de cumprimentá-lo, como a de participar da Festa e do Encontro, como das homenagens ao Aniversário de Itapira (**), muitos deles citados nestas mensagens poéticas. De fato, para os espíritos, principalmente os itapirenses, foram três dias de grande festa espiritual.
Cornélio Pires tinha razões para demonstrar afeição a Itapira. No início de suas viagens pelo interior paulista, apresentando famosos espetáculos, nas praças e palcos teatrais, esta cidade o acolhia calorosamente, lotando o Cine Teatro Recreio. O humorista tieteense cultivava sólida amizade com o saudoso empresário Rodolfo Paladini, que vendia Permanentes Mensais, garantindo, assim, boa frequência aos espetáculos. Daí constantes vindas a Itapira. Cornélio sempre trazia novidades artísticas, duplas caipiras, realizando apresentações de agrado geral.”
(*)Consultamos: Cornélio Pires: Criação e Riso, de Macedo Dantas, 1a. ed., 1976, Ed. Livraria Duas Cidades e Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia, São Paulo/SP.
(**) O poema Aniversário de Itapira, também de Cornélio, foi recebido pela vidência de Chico Xavier, no final da sessão solene, realizada na Fundação Espírita “Américo Bairral”, em 24/10/1974, dentro da programação das comemorações do 154o. aniversário da cidade, quando foi outorgado ao médium o título de “Cidadão Itapirense”. Esse poema está no livro Marcas do Caminho (Ed. IDEAL, São Paulo, SP.)

CAP. 22

FESTA E ENCONTRO DE ITAPIRA


Festa de Itapira

Meus irmãos, nesta cidade,
Onde a bondade se asila,
Peço a Deus conceda a todos
A paz da vida tranqüila.

Vida tranqüila, a meu ver,
É aquela paz do trabalho:
Malho amparando a bigorna,
Bigorna amparando o malho.

Aqui estou simplesmente
No afeto que não se atrasa,
Apresentando os amigos
De visita à nossa casa.

Anoto o primeiro deles,
Começando a minha lista.
Entendo. Todos já sabem:
É o nosso Onofre Batista.

Encontramos junto dele
Nosso Américo Bairral,
Que prossegue valoroso
Na vitória sobre o mal.

Duas irmãs me comovem...
De união ditosa e linda!
Gracinda abraçando Hortênsia,
Hortência abraça Gracinda.

De amigos inesquecíveis,
Dois deles tenho ao meu lado,
São dois corações em festa:
Carolino e João Machado.

Abraço o Doutor Hortênsio,
Coluna forte do bem,
Sempre o médico seguro
E grande escritor no Além.

Aparecem mais amigos...
Martins, Ângelo, Roldão
Continuam sustentando
Nossa bela Fundação.

Muitos músicos vieram...
Quem diz que não tocam mais?
Revejo o Fidelis Trani
E Albertino de Morais...

Um deles deixa o conjunto,
Em saudação vem a mim,
É o nosso amigo Santato,
Armado de bandolim.

Ouvem-se acordes suaves,
Relembrando a Banda Lira,
Outros falam de saudades
Das serestas de Itapira.

Conduzindo ex-internados
- Turma de paz e carinho, -
Alguém nos pede passagem,
É o irmão Olegarinho.

O grande Amorim Correia,
Distinto renovador,
Também veio à nossa festa,
Trazendo bênçãos de amor!...

- “Que noite maravilhosa
Nesta linda quarta-feira!” –
Bentico exclama, falando
Ao nosso Chico Vieira.

Diz Benedito Ferreira,
Zombando, risonho e sério:
- “É isso aí... Ninguém fica
Nas grotas do cemitério.”

No entanto, devo afastar-me,
De certo, sabem porque...
Devo estar com nossa gente
Nas preces em Tietê.

Assim sendo, meus irmãos,
Deixo agora o nosso lar.
O Cristo nos pede amor,
Procuremos trabalhar.

Cornélio Pires

Notas e Identificações
1 – Onofre Batista – Nasceu em Portugal, em 1886, vindo para o Brasil ainda criança. Foi empreiteiro de obras. Em 1907, fixou residência em Itapira, já casado com Gracinda Ferreira. Tornando-se espírita, imprimiu novas diretrizes à sua vida, norteando-a pelas virtudes da humildade e fraternidade. Assim é que, ao construir sua residência na rua da Penha, ergueu nos fundos do quintal sete casinhas para famílias pobres, cedendo umas de graça e outras por aluguel pequeno.
No porão de sua casa, que era habitável, ele e sua abnegada esposa Gracinda davam assistência a enfermos pobres, quase sempre recolhidos das ruas, numa época em que na cidade de Itapira não havia um mínimo de assistência social.
Aceitou a tarefa de angariar assinantes para o jornal O Clarim e a Revista Internacional de Espiritismo de Matão/SP. Desejava, também, difundir a Doutrina que o tornara um homem feliz. Assim é que, percorrendo cidades de diversos Estados do Brasil, não só angariava assinaturas para esses periódicos, como pregava o Espiritismo e prestava, inclusive, auxílio às Instituições assistenciais por onde passava. Onofre, no retorno de uma de suas longas viagens, trouxe a idéia de edificar um hospital para enfermos mentais. E, em 1936, adquire uma quadra de terra, lança a pedra fundamental e surge a instituição que se tornou, hoje, a Fundação Espírita “Américo Bairral”.
Grande golpe o atingiu no meio da caminhada, com a desencarnação de sua esposa, aquela que norteara os seus passos e que contribuíra para as vitórias alcançadas: Gracinda regressou ao Mundo Maior em setembro de 1946. Mas Deus deu-lhe outra companheira que veio incentivá-lo a prosseguir na árdua jornada escolhida. A 22 de novembro de 1948, casa-se com Hortênsia Lima Batista.
Após 17 anos de feliz companhia, essa também abnegada companheira deixou a vida terrena, desencarnando a 29 de março de 1965. E, três meses depois, a 19 de junho de 1965, Onofre partiu para a espiritualidade. Seu nome está imortalizado numa das ruas da cidade.
2 – Américo Bairral – Com um grupo de confrades fundou, a 15 de outubro de 1915, o Centro Espírita “Luiz Gonzaga”, que presidiu até a sua desencarnação. Homem organizado e metódico, programou um trabalho intensivo de estudo e difusão espírita, com trabalhos mediúnicos, especialmente de desobsessão, de fluidoterapia, receituário mediúnico e fornecimento de medicamentos homeopáticos. Aos domingos, dava aula de moral cristã às crianças. Deu início à construção de um hospital para doentes mentais, chegando a erguer o primeiro pavilhão do Asilo “Luiz Gonzaga”, hoje Casa de Repouso “Allan Kardec”.
Desencarnou a 16 de outubro de 1931, com apenas 46 anos. Como preito de gratidão e em homenagem ao seu trabalho em prol dos necessitados e como idealizador de um hospital para enfermos mentais em Itapira, a Instituição fundada pelo casal Onofre e Gracinda Batista foi denominada Fundação Espírita “Américo Bairral”.
3 – Gracinda – Gracinda Batista, de origem pobre, veio de Portugal ainda criança. Casou-se com Onofre Batista em 1905, constituindo em Itapira um lar de dez filhos.
Em setembro de 1936, com o esposo, fundara o Sanatório Espírita “Américo Bairral” (hoje Fundação). Concluídos os primeiros cômodos, em colaboração com sua filha Dalila, ia recolhendo os enfermos que vinham de toda a parte, num crescendo assustador, dando-lhes assistência com os poucos recursos da época. Quando a Terra não tem, o Céu supre, e foi o que aconteceu, através das excelentes mediunidades de mãe e filha, ali trabalhando como instrumentos de Deus, na prática do amor ao próximo. Enquanto isso, o esposo Onofre, percorrendo cidades e Estados, ia angariando donativos para a Instituição. Enferma, D. Gracinda viu-se obrigada a deixar o hospital em 1938, vindo a desencarnar em 28 de setembro de 1946. Seu nome está imortalizado na Creche Lar “Gracinda Batista”.
4 – Hortênsia – Hortênsia de Lima Batista, foi a segunda esposa de Onofre Batista. Mulher virtuosa, muito auxiliou Onofre no prosseguimento de sua espinhosa tarefa. Desencarnou em 29 de março de 1965.
5 – Carolino – Carolino Rodrigues de Oliveira, comerciante e administrador de Fazendas. Faleceu com 59 anos de idade, em 7 de maio de 1944.
6 – João Machado – João Pereira Machado Sobrinho, farmacêutico. Como músico, tocando violino, foi regente da Orquestra e do Coro da Igreja Matriz, no tempo do Padre Bento, cujo paroquiato estendeu-se de 1893 a 1909.
7 – Doutor Hortênsio – Dr. Hortênsio Pereira da Silva, nasceu em 21 de junho de 1889 e passou para a vida espiritual em 4 de fevereiro de 1954. Como médico, foi um padrão de nobreza e filantropia. Casou-se com D. Josefina Galdi, que lhe deu 3 filhos. Relevantes trabalhos prestou à população durante os devastadores surtos de varíola, escarlatina e da célebre gripe espanhola. Como político, ocupou com real brilhantismo os cargos de Vereador, Presidente da Câmara Municipal e Prefeito Municipal. Exerceu a direção clínica da Fundação Espírita “Américo Bairral”. A Praça com o seu nome e o seu Busto na Vila Pereira, são homenagens justas de Itapira ao saudoso Dr. Hortênsio. Do Espaço, ele vem prestando constante assistência espiritual, e é de sua lavra de poesia Saudando Itapira, ditada a Chico Xavier, quando da visita do médium ao “Bairral”, em 22 de agosto de 1973.
8 – Martins – Chefe de numerosa família, foi angariador de donativos na zona rural, para o Sanatório “Bairral”, recebendo-os em cereais, aves e ovos. Trabalhou, nesse mister, entre 1937 e 1938.
9 – Ângelo – Angariava donativos, da mesma forma, na zona rural, serviço realizado de 1939 e durante poucos anos, em virtude do seu falecimento.
10 – Roldão – Foi o primeiro angariador de donativos na zona rural, apenas no ano de 1937, e o fazia a cavalo, época em que a Instituição ainda não possuía carrocinha.
11 – Fidelis Trani – Benquisto na cidade, exercia a profissão de funileiro e encanador. Foi músico da Banda Lyra, tocando pratos, e faleceu em 1961, com 64 anos.
12 – Albertino de Morais – Foi marceneiro e lustrador, e fazia parte da Banda Lyra, tocando caixa. Faleceu em 1964, com 68 anos.
13 – Santato – Armando Santato foi marceneiro. Como espírita militante, colaborou nos trabalhos de desobsessão do Sanatório “Bairral” e fazia parte de um dos conjuntos musicais da Instituição, tocando violão e bandolim. Deixou a vida material com 53 anos, em 1963.
14 – Banda Lyra – Fundada em 10 de abril de 1909, por músicos idealistas, essa corporação musical está atuante até hoje. Cornélio não podia esquecer desta Banda, que no seu tempo abrilhantava os seus espetáculos, reconhecendo entre os personagens presentes ex-músicos da Banda Lyra.
15 – Olegarinho – Olegário Alvarenga Ferreira, farmacêutico prático, como ex-internado do “Bairral” deu excelente colaboração à Instituição, especialmente nos seus primeiros tempos de funcionamento. Com Saturnino França, em 1907, fundou a Farmácia da Fé. Deixou a vida material aos 63 anos de idade.
16 – Amorim Correia – Cônego Manoel Carlos de Amorim Correia nasceu em Portugal em 30 de julho de 1873, e veio para o Brasil ainda menino. Após exercer o seu ministério de sacerdote em diversas paróquias, chegou a Itapira em 1909. Em 1912, entrou em atritos com D. Nery, Bispo de Campinas, e, em 1o de janeiro de 1913, cessou sua jurisdição em Itapira, entregando a direção da paróquia a outro sacerdote. Em “Carta Pastoral” enviada aos fiéis da cidade, datada de 31 de janeiro, resolveu fundar a Igreja Católica Apostólica Brasileira, aceitando todos os ensinamentos dos Santos Evangelhos e de Antigo Testamento, negando várias determinações da Igreja Romana. De saúde constantemente abalada, Amorim Correia faleceu a 30 de agosto de 1913, apenas sete meses após ter fundado a sua nova Igreja.
17 – Bentico – bento Pereira da Silva, negociante, mais conhecido pelo apelido Bentico, nasceu e faleceu em Itapira, respectivamente em 10 de setembro de 1872 e 13 de outubro de 1949.
18 – Chico Vieira – Francisco Vieira formou-se farmacêutico em 1903, montando farmácia própria no centro da cidade. Como político militante, exerceu os cargos de Vereador, Prefeito Municipal e Deputado Estadual, conseguindo impor-se à consideração e estima de seus conterrâneos, mercê das mais elevadas provas de amor à sua terra. Faleceu em 3 de maio de 1946, aos 63 anos.
19 – Benedito Ferreira – Apelidado Rolinha, foi ex-internado do “Bairral”. Recuperando-se, fez o Curso Preparatório de Enfermagem existente no Hospital e passou a enfermeiro, revelando-se eficiente e bondoso. Faleceu em 14 de junho de 1965.
20 – Devo estar com nossa gente/Nas preces em Tietê – Em Tietê, SP, terra natal do Autor, desenvolvia-se a XIV Semana Cornélio Pires, no período de 19 a 25 de agosto de 1973. O poema em estudo foi psicografado em 22 daquele mês.

Segundo Poema

Encontro de Itapira

Meus irmãos, eis-me de volta...
Minha fala caipira
Muito mais que de outras vezes
É gratidão de Itapira.

Itapira!... O céu azul,
A colina em luz e prece,
Um refúgio de esperança
Que o coração não esquece.

Desejava outros amigos
Expressando em meu lugar,
Neste instante de alegria,
A honra de vos saudar.

Mas muitos deles exclamam,
Retornando de outra vida:
- Cornélio, diga que estamos
Em nossa terra querida.

Transmitir doces recados
Em qualquer parte, é dever,
E quando o credor é amigo
Obediência é prazer.

Saúdo, à frente de todos,
João Cintra, o Comendador,
Que se fez para Itapira
Um gênio de luz e amor.

Cintra abraça um companheiro:
É o nobre Joaquim Firmino
Que exaltou a liberdade
Em luminoso destino.

Junto deles aparece
Por mensageiro de paz
Nosso antigo reverendo
Padre Araújo Ferraz.

Luiz Roque aponta fatos,
Firmino diz que no Além
Somente vale a esperança
Do que se fez para o bem.

Afonso Celso Vieira,
O grande memorialista
Aperta as mãos generosas
Do nosso Onofre Batista.

Fala-se em Chico Vieira
Fala-se em Guerra Leal,
Dos Clubes que mais se lembra
O recorde é do leal...

Nosso Cônego Amorim
Pergunta por Ludovino,
Doutor Mário com Bentico

Refere-se ao João Delfino.
Nhô Melo lembra contente
As músicas da Matriz
E João Pereira Machado

Aprova calmo e feliz.
Alguém chega devagar...
Conheço... É o “seu” Alfredinho,
Veio atender aos doentes

Fala em Jesus com carinho.
Sinhô Chagas noutra roda,
Lembra a luta a que se dava,
Queimando miolo e vida

No tempo da imprensa brava...
Jácomo Stávale, o grande
Professor inesquecível,
Escuta Souza Ferreira

Sobre assuntos de alto nível...
Eis que um rapaz se aproxima
Em luz semelhante ao sol...
Percebo agora... Já sei...

É o poeta Ferraiol.
Este grupo de Itapira,
Que entre os homens não se vê,
Parece com minha gente

Nas salas de Tietê...
Batista Júnior comigo
É tanto amor e vibrar!
Diz ele: “Saudade é dor
Que fere em qualquer lugar!...”

Diz ele ainda: “Saudade”?!...
Não sei onde é mais sofrida,
Se no mundo ao pé da morte
Se no Além, perante a vida!”

Nosso caro “João Fiaca”
Começa a me enternecer,
A memória já me falha,
Não mais consigo escrever...

“Itapira, Deus te guarde!”
Termino com emoção,
Terra irmã de minha terra,
Terras do meu coração!...

Cornélio Pires

Notas e Identificações
21 – João Cintra, o Comendador – Atibaiano, veio para a então Vila Nossa Senhora da Penha em 1840. Possuidor de grande fortuna, construiu com recursos próprios, na principal Praça da Vila, um prédio assobradado, utilizado para cadeia, escola e Câmara Municipal. Demoliu a Igrejinha que havia sido construída em 1820, e em 1842, no mesmo local, ergueu uma bela Igreja Matriz, templo que, posteriormente, foi reformado e dotado de uma torre. Ainda em colaboração com a administração municipal e a população local, construiu a Estrada de Ferro de Itapira a Mogi Mirim, encampada, anos depois, pela Companhia Mogiana de Estrada de Ferro. Pelos seus grandes méritos, o seu nome está imortalizado numa rua central da cidade.
22 – Joaquim Firmino – Joaquim Firmino de Araújo Cunha, nascido a 29 de agosto de 1855, exercia, em 1888, o cargo de Delegado de Polícia. Ele acompanhava de perto as torturas por que passavam os negros escravos. Dispôs-se a lutar pela sagrada emancipação dos escravos e, destemidamente, passou a proteger os negros fugitivos, recolhendo-os ao porão de sua casa, a princípio sigilosamente e a seguir, abertamente, discutindo e incentivando a mais nobre campanha da época. As fugas das fazendas aumentavam dia a dia. Os fazendeiros foram-se irritando com o prejuízo crescente. Por outro lado, as notícias vindas da Corte eram as mais favoráveis à abolição, e com isso Firmino mais se entusiasmava. Os fazendeiros deliberaram uma vingança impressionante aos abolicionistas. Capangas de confiança foram sendo reunidos. Marcaram a madrugada de 11 de fevereiro de 1888 para a tremenda vingança. Um bando de trezentas pessoas armadas se dirigiu à residência do Delegado e o linchou.
O nome de Joaquim Firmino deveria figurar nos livros escolares como o Mártir da Abolição, para ser justamente reverenciado, pois foi o único brasileiro que perdeu a vida pela sublime causa, justo epílogo se deu no glorioso 13 de maio de 1888, três meses, portanto, após sua trágica morte!
23 – Padre Araújo Ferraz – O Padre Antônio de Araújo Ferraz foi quem celebrou a primeira missa nesta terra, em março de 1821; daí ser considerado o Evangelizador. Seu nome está imortalizado numa placa de rua da cidade.
24 – Luiz Roque – Agente do Correio em 1887.
25 – Afonso Celso Vieira – Cronista na imprensa local, seus artigos eram apreciados. Faleceu em 1945.
26 – Guerra Leal – Cônego Dr. Artur Augusto Teixeira Barbosa de Guerra Leal. Substituiu o Padre João Calazans em 1915 e ficou até 1923. Reformou a Igreja Matriz. Faleceu em Monte Alto, em 1938. Seu nome está imortalizado numa placa de rua da cidade de Itapira.
27 – Clube Ideal – Fundado em 10 de março de 1917, por um grupo de senhoras e senhoritas da sociedade, destinava-se exclusivamente a mulheres. Tornou-se famoso na época.
28 – Ludovico – Ludovico Andrade foi figura popular no município. Exerceu o cargo de fiscal da Prefeitura durante muitos anos. Diretor do jornal Comércio de Itapira, entre 1912 e 1913, que a seguir passou a ser o Jornal Oficial da Igreja Brasileira, com essa denominação, ainda sob sua direção. Foi sacristão da Igreja Romana no tempo do Padre Bento; professor primário; membro destacado do movimento renovador de Amorim Correia, na fundação da Igreja Católica Apostólica Brasileira, chegando a ordenar-se bispo dessa nova seita; chefe de numerosa família. Faleceu em 5 de novembro de 1934, com apenas 56 anos de idade.
29 – Doutor Mário – Dr. Mário Pereira da Fonseca, nasceu em 1874 e faleceu em 17 de novembro de 1932. Advogado operoso, foi um dos fundadores da Santa Casa, do Asilo “São Vicente” e do Clube XV de Novembro.
30 – Nhô Melo – Fiscal da Prefeitura Municipal nas primeiras décadas deste século.
31 – As músicas da Matriz – Orquestra sacra criada ao tempo do Padre Bento e regida pelo farmacêutico e músico João Pereira Machado, violinista. Senhoras e senhoritas da sociedade, exímias cantoras, constituíram o coro da orquestra. Esta era formada por notáveis músicos.
32 – “Seu” Alfredinho – Alfredo Bueno nasceu em 9 de dezembro de 1888 e faleceu em 16 de maio de 1949. Boníssimo, tornou-se famoso como farmacêutico, com uma grande clientela, que o procurava como a um médico. Seu nome está imortalizado numa rua da cidade.
33 – Sinhô Chagas – Antônio Carlos Gonçalves Chagas foi solicitador e ferrenho político da oposição. Nas colunas do seu jornal O Grito, ao lado do poeta e escritor Menotti Del Picchia, de Ludovino Andrade e de outros, era tenaz combatente. Nasceu em Mogi Mirim, SP, a 19 de abril de 1880, e faleceu em Serra Negra, SP, a 6 de agosto de 1927. Seu nome está imortalizado numa das ruas do Bairro do Cubatão.
34 – Jácomo Stávale – Educador emérito e grande esportista, foi trazido para Itapira em 1901.
35 – Souza Ferreira – Cel. José de Souza Ferreira, nasceu a 17 de janeiro de 1867. Fazendeiro e banqueiro. Como chefe político, impunha respeito pela sua conduta retilínea. Desencarnou em 14 de julho de 1929.
36 – Poeta Ferraiol – Francisco de Paula Ferraiol, faleceu com apenas 24 anos de idade, em São Paulo. Sua poesia Hora Extrema, psicografada por Chico Xavier, em 9 de janeiro de 1974, mostra a sua sensibilidade poética.
37 – Batista Júnior – Itapirense, apelidado de João Fiaca, foi um artista nato. Ator e cantor, partiu para a glória quando se firmou na ventriloquia. Ele não podia faltar a esse encontro, provocado pelo seu grande amigo Cornélio Pires.

FIM

Fonte: Livro “Reencontros” - Psicografia Francisco Cândido Xavier e Hércio Marcos Cintra Arantes – Espíritos diversos

ESPIRITISMO UM PROJETO DO CRISTO POR DIVALDO FRANCO - PARTE 2

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

PENSAMENTO DO DIA


A reflexão é o olho da alma

Autor: Bossuet

MENSAGEM DIÁRIA

Todo fracasso ensina ao homem algo que ele precisa aprender

Autor: Desconhecido

REENCONTRO - LIVRO DE CHICO XAVIER - CAPÍTULO 19/20

CONTINUAÇÃO

DESFAZENDO UMA DÚVIDA CRUEL


No mês seguinte ao recebimento de uma carta do filho desencarnado, o sr. José Lúcio de Oliveira compareceu novamente ao Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, para mostrar a Chico Xavier as cópias xerográficas do Processo instaurado em decorrência do fato que motivou a morte do jovem Benedito Souza de Oliveira. Ele irradiava felicidade, pois as declarações do autor do disparo e das testemunhas concordaram plenamente com o que seu filho havia escrito através do lápis mediúnico!
Os familiares de Benedito – residindo em Pontes Gestal, SP, localidade muito distante da capital paulista, onde ocorreu o fato a 24 de julho de 1977 – ignoravam, até então, o que a Justiça havia registrado da triste ocorrência. Aceitaram as interpretações da causa da morte como acidente, embora guardassem no íntimo uma dúvida cruel: acidental, mesmo?
Assim, as informações vindas do Mundo Espiritual proporcionaram, além do esclarecimento, muito consolo e muita paz à família e aos amigos do jovem.
Na reunião pública de 14 de julho de 1978, em que o sr. José Lúcio, reencontrou-se com Chico Xavier, também lá estávamos, ocasião em que tivemos o prazer de conhecê-lo e de ler a carta de seu querido filho, impressa pela família e distribuída a todos os presentes. Expondo-lhe nossa intenção de divulgá-la pela imprensa espírita – na esperança de que o conteúdo da mesma venha beneficiar outros corações sedentos de consolo e de elucidação para situações semelhantes -, colocou-se ao nosso dispor, prazerosamente, permitindo-nos alinhar estes apontamentos e as notas esclarecedoras do próximo Capítulo. (*)

(*) Esta matéria foi publicada primeiramente no Anuário Espírita 1979, IDE, Araras, SP, pp. 13-19.

“SEREI PARA OS MEUS PAIS UM ABRAÇO
INVISÍVEL NA TERRA DOS HOMENS”


Querido Papai José Lúcio, querida mãezinha, rogo-lhes para que me abençoem.
Em meu abraço reúno ambos, com o nosso Osmar, com o Newton Carlos, com a Eliane e com todos os nossos do coração.
Tenho dificuldade de exprimir-me com a fidelidade que desejaria manter. Não sei se escrevo ou se choro, se exponho minha alma ou se agradeço a Deus o momento em que nos vemos aqui reunidos, com a possibilidade de entregar-lhes as minhas notícias, como quem se utiliza de uma agência dos correios, para tranquilizar os entes amados que ficaram distantes.
Neste ponto de minhas palavras, ignora-se o afastamento, está do meu lado outra parte da família querida. A desencarnação nos atira num mundo completamente novo. No íntimo estamos conscientizados quanto à volta ao lar verdadeiro, porquanto retornamos à paisagem de que um dia nos retiramos para configurarmos de novo no plano físico, à maneira de quem veste uma roupa pesada de trabalho; no entanto, regressamos para cá demasiadamente condicionados. Sei que todos somos filhos de Deus, mas ainda não consigo renunciar à certeza de que sou filho de meus pais terrestres e irmão dos meus irmãos acima de tudo.
Creio que Deus nos permite essas situações para que o amor prossiga por luz, inapagável a clarear-nos o caminho, porque, em verdade, pertencemos a Deus, mas Deus nos aproximou um dos outros para escorarmos mutuamente na caminhada para diante.
Sinto meus irmãos todos aqui: João, Oswaldo, Maurílio, José e Amélia, estão na tela de minhas lembranças com a mesma consistência da imagem no nosso querido Osmar aqui à frente de meus olhos.
Mãezinha querida, meu Pai, estou com o meu avô José Rodrigues de Souza, que me auxilia a endereçar-lhes esta carta. Foi ele o benfeitor de sempre, quem me recolheu naquelas horas de julho, há quase um ano...
Certamente não me preparara ante a prova que me exigia compreensão e solidariedade para com o amigo que não teve qualquer culpa no acidente que me provocou a passagem de um estado de vida para outro.
Peço aos pais queridos e a todos os familiares não julguem o nosso caro Roque – o amigo Aladeir – culpado pelo desastre.
É preciso lhes fale assim claramente, porquanto não devo incriminá-lo e nem a pessoa alguma com relação ao acontecido.
Realmente, não era meu jeito experimentar qualquer arma de fogo e muito menos brincar com semelhante perigo. Estava seriamente interessado na realização de meu cursinho e para isso o trabalho no Banco era sagrado.
Entretanto, creio que os amigos são partes de nós mesmos. Nosso companheiro, de longe, apenas demonstrando como manejava uma arma, segundo o que deduzi no impacto da ocorrência, mas asseguro-lhes que o resultado como a operação de limpeza não estava de modo algum nos intuitos dele. Meu avô me fez observar que eu resgatara uma dívida e que fui realmente muito feliz por não empenhar-me a débitos novos.
Caí no solo desamparadamente, quanto a mim mesmo por dentro de mim; no entanto, por mais que levasse as mãos ao peito na tentativa de escapar ao fim do corpo, notei que minhas forças esmoreciam...
Meu Pai, creio que seja necessário que eu diga que o Senhor e minha mãe estavam em meu pensamento... Entendi quanto haveriam de chorar, tanto quanto eu mesmo tombava com lágrimas diante do inevitável... Na cabeça as idéias conflitavam. Aquele anseio de falar sem poder e aquele desejo de sobreviver, os gritos dos amigos que chegavam e as providências de que me via objeto a fim de que uma hospitalização inútil me devolvesse a vida física.
Nesse emaranhado de pensamentos que se embatiam uns contra os outros, notei que um sono pesado me cerrava as pálpebras ou que alguém me cerrava as cortinas dos olhos para que eu encontrasse o descanso.
Quanto tempo estive assim, no limiar de uma vida diferente da nossa, não sei dizer...
Posso informar, no entanto, que acordei com meu avô José Rodrigues e com uma benfeitora de nome Rosa, que vim a saber posteriormente... Ainda assim, embora soubesse de improviso que estava em companhia do vovô que não mais pertencia a existência física, acreditei-me alucinado pela dor da ferida que ressurgia com o meu despertamento... Julgava-me num Instituto de Tratamento, mas, a breves instantes, meu avô carinhosamente me convidava à aceitação da realidade... Bastou reformar as sensações do corpo denso, que permaneciam comigo, para que ouvisse no recôndito de meu próprio ser as vozes de casa... Eram as lágrimas do Senhor, Papai, e o choro de Mamãe, indagando o porquê do acontecimento... Graças a Deus, em meio do sofrimento nosso, tão profundamente nosso, luzes brilhavam... Eram as orações com que se dirigiam a Deus pedindo por minha paz. Eu sabia... Minha obrigação era igualmente conformar-me, ser digno dos pais, amigos e cristãos aos quais a Bondade Divina me confiara...
Recordei, então, que nada estava em meu coração contra ninguém... Desenhei na mente a figura do amigo Roque que deveria estar igualmente lutando com a nossa dor e, recebendo as preces de casa, conquanto sofresse ainda a sensação das horas últimas do corpo, roguei também a Deus para que o companheiro estivesse tranquilo e para que ninguém o incomodasse pedindo-lhe contas daquilo que era minha dívida e não dele...
Desde esses momentos em que me renovava, notei que um alívio me alcançava. A ferida me pareceu receber um bálsamo curativo que me chegava de nossa casa... As orações de meus Pais, compreendendo, de longe, o meu anseio de ver o amigo absolutamente tranquilo e essas vibrações de entendimento encharcadas de pranto me sedavam o espírito...
Meu Avô me esclareceu que o esquecimento de quaisquer lembranças amargas, sobretudo aquelas que poderiam insuflar em nós o ressentimento sem razão de ser, funcionava por abençoado remédio da alma enferma e abatida.
A compreensão trabalhava minhas energias espirituais à maneira de um milagroso tranquilizante e, desde então, venho buscando meios de encontrar este instante em que lhes venho reafirmar a continuidade da vida.
Osmar, amigo e irmão, você sabe que a minha imaturidade, em relação aos problemas do espírito, ainda era muito grande e por isso agradeço-lhe as preces e vibrações de paz e amor em meu benefício. Você, que possui a felicidade de penetrar no conhecimento das idéias que devo agora adquirir, continue me auxiliando...
Papai, o Senhor compreenderá que seu filho, embora iniciante na vida nova, não conseguiu permanecer ao seu lado no mundo físico, de modo a formar-me num curso superior, de maneira a corresponder aos seus ideais de Pai amoroso e imensamente bom, mas eu posso aqui melhorar-me e ser útil. Serei para o Senhor e para Mãezinha Maria Rosa um braço invisível na terra dos homens, entretanto, sempre seguro e firme buscando ajudá-los, de algum modo, deste meu novo campo de ação, para o qual as criaturas todas da Terra um dia retornarão...
Não pude formar a família com a qual sonhava para continuar as nossas alegrias domésticas desdobradas, como no caso de nosso Osmar. No entanto, farei bons amigos, trabalhando a fim de ofertar-lhes um círculo de afeições que a todos nos auxiliará, aí e aqui...
Estou feliz apesar das lágrimas que me lavam os pensamentos nestas páginas escritas, mas essas lágrimas são de esperança e fé em Deus. Confiemos em Deus e saibamos aceitas as Leis Divinas que nos regem a todos.
Aqui devo finalizar esta carta, mas prosseguiremos juntos no intercâmbio dos pensamentos. Envio muitas lembranças aos irmãos e a todos aqueles que se encontram em nosso iluminado jardim de carinho e gratidão; espero continuarem me fortalecendo com o apoio das preces.
Toda oração em nosso favor parece uma luz que nos atinge, passando a nutrir-nos de confiança maior na vida.
Querida Mamãe e querido Papai, recebam todo o amor que posso sentir em minha pequenez espiritual, com o coração agradecido por todas a bênçãos de que me enriqueceram e enriquecem a vida, um beijo de muita gratidão e de imenso carinho do filho que pede a Deus por nós todos.
Sempre o filho presente no coração que lhes deve a existência e tudo de bom que a existência nos possa oferecer,
Dito.

Notas e Identificações

1 – Papai e mãezinha – José Lúcio de Oliveira e Maria Rosa de Souza Oliveira, seus pais. Em 2/6/1978, quando falaram sobre a perda deste filho querido ao médium Chico Xavier, no início de uma reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, foram orientados para colocarem sobre a mesa um papel constando os nomes do filho e dos pais, e a data da desencarnação. Foi o suficiente para receberem, em noite alta, esta carta psicografada.
2 – Osmar – Osmar Souza de Oliveira, irmão, presente à reunião.
3 – Newton Carlos e Eliane – Sobrinhos
4 – Neste ponto de minhas palavras – No parágrafo que se inicia com esta frase, Dito faz uma colocação clara e simples do processo reencarnacionista, pelo qual todos nós evoluímos.
5 – João, Oswaldo, Maurílio, José e Amélia – Irmãos.
6 – José Rodrigues de Souza – Avô materno, desencarnado há 11 anos.
7 – Naquelas horas de julho, há quase um ano... – Dito faleceu a 24/7/77.
8 – O nosso caro Roque, o amigo Aladeir – Aladeir Roque. Pelos familiares é chamado de Aladeir, mas Dito o tratava de Roque.
9 – Rosa – Benfeitora espiritual, não identificada pela família.
10 – Osmar, você que possui a felicidade de penetrar no conhecimento das idéias que devo agora adquirir, continue me auxiliando... – Osmar é espírita militante, estudioso da Doutrina.
11 – Não pude formar a família com a qual sonhava (...), como no caso de nosso Osmar – Dito tinha uma namorada em São Paulo, a quem devotava muita estima. Na época da entrevista com o sr. José Lúcio, Osmar estava noivo.
12 – Dito – Assim Benedito Souza de Oliveira era tratado pelos seus familiares e amigos. Nasceu em Riolândia, SP, aos 17/6/1956. Em São Paulo, trabalhava na Finasa Mercantil e no Banco Itaú. Frequentava um cursinho com vistas à concretização de seu grande ideal: ser médico.

CONTINUA AMANHÃ