sábado, 5 de novembro de 2011

ESTAMOS VIVOS - LIVRO DE CHICO XAVIER - PARTE 4

CONTINUAÇÃO

um homem que podia ser considerado adiantado no tempo. Sua visão atingia outros estágios do desenvolvimento e os seus planos, considerados muitas vezes arrojados e inaplicáveis, se assentavam na realidade futura. Nada realizou para o presente, sempre construiu para o futuro e para um futuro distante, de acordo com as possibilidades e recursos de que dispunha.
Fez muito por Frutal, terra que abraçou como berço e amou como verdadeiro filho. Se não fez mais foi porque lhe faltaram tempo e compreensão dos que deveriam integrar dentro do seu padrão, o seu esforço em prol da coletividade. Mesmo assim, solitário nas suas campanhas de reivindicação, ele compulsava livros de história, geografia, política, economia e, dos seus estudos aliados a seu conhecimento desta região, traçava as linhas por onde deveriam passar as BRs, num perfeito serviço de engenharia e política geo-econômica, que publicava pela imprensa e encaminhava à Presidência da República, ao DNER, DER e governadores de Estado.
Incompreendido, marginalizado, esquecido, ao seu sepultamento compareceram os amigos mais chegados e grande parte se compunha de moradores mais idosos das vizinhanças rurais, pessoas que foram atendidas e beneficiadas por ele no campo da medicina. Como patrono das reivindicações no plano viário, ele se imortalizou.”
4- Frei Gabriel – Sobre Frei Gabriel de Frazzanó, fiel seguidor de Francisco de Assis, eis o que diz o Fr. Francisco Maria de Uberaba – capuchinho –, em seu livro Frei Gabriel, o Irmão de Todos (Tipolitografia Escola Profissional Pouso Alegre -Minas Gerais –, carta-prefácio datada de Uberaba, 30 de Março de 1978) :
“Na velha Sicília (Itália) dominada por diversos povos através dos séculos nasce Frei Gabriel. Era o dia 27 de fevereiro de 1907. Seus pais Salvador e Maria Papa estavam felizes com o nascimento da criança que iria por certo encher aquela família simples e pobre.
Nasceu precisamente na cidade chamada Frazzanó. Pequena comunidade de 1.200 pessoas, fica em região montanhosa, perto da cidade de São Marcos de Alúnzio. E perto também da cidade de Messina, onde os frades capuchinhos têm a sede da província do mesmo nome. (....) No ambiente singelo de Frazzanó entre folguedos e sonos profundos, entre manadas de cabras leiteiras e visitas ao templo, viveu o menino Antônio Machi (era seu nome de batismo). (....)
Frei Gabriel de Frazzanó chegou ao Brasil (porto de Santos) em 10 de outubro de 1936, às 4 horas da tarde, debaixo de mansa chuva – como me disse seu companheiro de viagem Frei João Azolina, hoje residente em Frutal.”
Informa-nos, ainda, o Fr. Francisco de Uberaba, que Frei Gabriel, na cidade de Carmo do Paranaíba, Estado de Minas Gerais, foi o encarregado da construção da nova Igreja, cujos trabalhos foram iniciados no dia 15 de agosto de 1946, também construindo uma capela no bairro chamado Niterói, cuja inauguração se deu em 1942.
Em Uberaba, Frei Gabriel trabalhou ativamente, colaborando no término da construção das Igrejas de São Judas e São José, na paróquia de Santa Teresinha, promovendo, todos os anos o Natal dos Pobres, chegando, em 1955, a distribuir grande quantidade de gêneros alimentícios para inúmeras famílias uberabenses.
A propósito, anotou Frei Francisco de Uberaba:
“O poeta Célio Grunewald escreveu uma trova que é a recordação do programa assistencial e pastoral de Frei Gabriel:
„Pensemos na eternidade
e ajudemos nosso irmão
que fora da caridade
não existe salvação.‟” – completando:
“Pelos inícios de 1957, Frei Gabriel, vindo de Uberaba, chega a Frutal trazendo sua mala simples de frade menor a serviço das comunidades religiosas e paroquiais. Desde logo granjeou muita estima e pôs-se ao trabalho humilde (conforme seu estilo pessoal) de ajudar na igreja, na sacristia, na cozinha da casa paroquial e na assistência aos enfermos e pobres.”
Em Frutal, foi responsável pela edificação da nova Matriz, solenemente inaugurada, no dia 16 de junho de 1961; recebeu o título de “Cidadão Frutalense”, no dia 25 de dezembro de 1965; e a 4 de outubro de 1971, foi homenageado pelas autoridades municipais, que deram à praça defronte ao Alvorada Praia Clube o nome de Praça Frei Gabriel, fundador do Asilo Pio XII e do Hospital São Francisco de Assis, da Casa da Criança Santo Antônio de Pádua e foi o responsável pela construção da Capela Nossa Senhora da Aparecida, no Bairro das Casas Populares.
Depois de alguns dias de internado, no Hospital em que ele mesmo fundou, Frei Gabriel veio a desencarnar, no dia 17 de abril de 1973, encontrando-se o seu túmulo, simples e comum, à direita da entrada do Cemitério Municipal, na segunda ala.
O distinto historiador frutalense, Sr. Ernesto Plastino, em seu livro inédito – Apontamentos Históricos de Frutal - (1976) –, página 182-a –, ao qual tivemos acesso, graças à gentileza do Sr. Mauro de Menezes, coloca a seguinte legenda sob a fato de Frei Gabriel de Frazzanó, o grande benfeitor da comunidade frutalense:
“Nasceu na Itália em 27 de fevereiro de 1907, chegou a esta cidade em 22-03-1936 e aqui faleceu às 18:30 hs. do dia 17 de abril de 1973. Por ocasião de seu sepultamento (9:30 hs. dia 18), à beira de seu esquife, exposto no centro da nossa Matriz, o seu grande amigo e médico Dr. Antônio Onofre Miziara pronunciou sentidas palavras de despedida, dizendo, com a voz embargada: – “Partiu-se ao meio a viga mestra que sustentava todas as obras de assistência social desta comuna. Arrojado, arremetida com entusiasmo era tudo aquilo que planejava executar, aí estão as obras realizadas, em bom termo, pelo saudoso extinto: a Casa Paroquial, a Igreja Matriz, a Igreja Nossa Senhora Aparecida, o Asilo Pio XII e sua Capela, a Casa da Criança e a Santa Casa de Misericórdia. Todas essas obras constituem os mais belos lances de sua existência, toda ela consagrada no semear o bem e a caridade.
Em Frei Gabriel madrugou, quando ainda jovem, o sentimento de fraternidade humana. Viveu e partiu como viveu: com nobreza e dignidade.”(Ver págs. 178 a 182 destes Apontamentos Históricos de Frutal).”

CONTINUA AMANHÃ

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