sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ESTAMOS VIVOS - Livro de CHICO XAVIER - PARTE 3

CONTINUAÇÃO

ALEXANDRE, O PORTUGUÊS

“Nossa vida aqui é uma escola”

Oi, Mamãe Zilda, você está aí esperando algum sinal do Português e venho com o vovô Dirceu, que me auxilia a escrever-lhe esta carta ligeira.
Mamãe, o nosso choque com a carreta por cima não está em nenhum gibi.
O Rodrigo fez tudo o que lhe era possível para movimentar o carro, entretanto, não foi possível, e a carreta não parecia com pouca banguela.
Mãe, você precisa estar feliz para fazer a alegria de meu Pai e dos meus irmãos Marcelo e Júnior.
Já sei que acontece o que Deus permite e faz em nosso benefício, e nada tenho de que me queixar.
Não fique triste, porque desânimo e choradeira não existem onde estamos.
Estamos ainda internados num recanto de refazimento e saúde, aprendendo e pensando.
O Didido sabe que vim escrever e ficou satisfeito.
O Dr. Sandoval tem sido um amigo precioso, mas temos quase que diariamente o Frei Gabriel conosco, dialogando com paciência e permitindo-nos formular as perguntas que nos venham à cabeça.
Já não estamos enfaixados e nem estamos passando por segregação rigorosa.
Já conseguimos algumas pequenas excursões no Grande Parque Residencial, onde o nosso recanto está localizado, e vimos maravilhas que não consigo descrever.
Maravilhas no céu e no solo.
Às vezes, fico imaginando sobre a grandeza de Deus que naturalmente mandou fazer um solo para nós, quando estamos na Terra Física e outro quase igual porém muito mais repleto de riquezas, para nós, as criaturas do mundo, quando transpõem as fronteiras da libertarão.
Nossa vida aqui é uma escola; ainda não temos espaço para apostas e brincadeiras.
O meu próprio avô Dirceu, diz que tanto quanto no Mundo Físico, a vida para ser carreta não dispensa as disciplinas e os horários.
Tudo é muito bonito, mas (aqui para nós) eu gostaria muito mais de estar em Frutal.
Mas não estou rebelde.
Os seus conselhos estão funcionando.
Mãe, você precisa estar feliz para fazer a alegria de meu Pai e meus irmãos Marcelo e Junior.
Não fique triste, porque desânimo e choradeira não existem onde estamos.
Querida Mãezinha Zilda, abrace por mim a prima Sílvia, que está presente.
E guardando a senhora e o meu Pai sobre os meus joelhos fortes, um abração para os dois do filho muito saudoso e muito agradecido,
Alexandre, O Português.

1 - Introdução

Antes de analisarmos a expressiva mensagem que acabamos de ler, recebida pelo médium Xavier a 31 de maio de 1985, expliquemos o motivo pelo qual dividimos o presente volume em duas partes.
Fizemo-la porque os cinco Autores Espirituais que comparecem nesta Primeira Parte, dispostos em ordem alfabética e não cronológica por comparecimento mediúnico – os jovens Alexandre, o Português; Didido; Guto; Nadinho e Romero –, desencarnaram num mesmo acidente automobilístico, praticamente na mesma hora, consternando milhares de pessoas de todo o Estado de Minas Gerais, especialmente da vasta região do Triangulo, servindo-se da mesma instrumentalidade medianímica – Francisco Cândido Xavier –, naturalmente em datas diferentes.
Não obstante todos os veículos de comunicação das cidades vizinhas tenham dado notícias detalhadas do considerado infausto acontecimento, selecionamos para o leitor amigo apenas duas reportagens publicadas nas folhas de Frutal, a primeira delas no Jornal Esquema (Nº. 562, de 10 de fevereiro de 1985), fundado pelo inesquecível companheiro de lides espíritas, Paulo Martins Goulart (30-01-46 – 14-11-79), “Tragédia na BR-364 – Acidente mata cinco crianças”:
“Frutal - A população local viveu momentos de autêntica comoção na noite do último domingo e durante o dia, da segunda-feira, ao acompanhar o drama vivido por quatro famílias tradicionais da cidade. Tudo aconteceu por volta das 18 horas do domingo, quando o veículo Sedan Volkswagen 1.300, cor verde, dirigido pelo jovem Rodrigo Junqueira Alves de Souza, 14 anos, foi colhido pelo caminhão Scânia. O próprio condutor do Scânia foi apanhado de surpresa e não teve tempo de frear o veículo, que atingiu o fusca em cheio, arrastando-o, ainda, por cerca de 60 metros em direção da pista contrária.
Cinco Mortos
No local do acidente morrem Rodrigo Junqueira Alves de Souza, de 14 anos, filho de José Marco Alves de Souza e Nilza Lourdes Junqueira Souza; Romêro Junqueira Alves de Souza, de 12 anos, irmão de Rodrigo; Wagner Augusto Jesus de Souza Júnior, primo de Rodrigo e Romêro, filho de Wagner Augusto Jesus de Souza e Helena Maria Queiroz de Souza, e Alexandre Furtado Cardoso, de 11 anos, filho de José Maria Cardoso e Zilda Furtado Cardoso.
Já o jovem Vítor Leonardo Santana, 12 anos, filho de Osmar José Santana e Elvira Alves de Santana, ainda conseguiu chegar com vida ao Hospital São José, onde veio a falecer quando recebia os primeiros cuidados médicos.

Luto e feriado

Os primeiros impactos do choque foram sentidos momentos após o acidente, quando praticamente toda a população de Frutal começou a se dirigir às residências dos jovens, procurando ver os corpos e levar conforto a seus familiares, que se encontravam em estado de desespero total.
A direção do Grupo VAI, organizador do Festival de Música, reuniu-se com a Comissão Julgadora e participantes do evento, chegando a um acordo unânime: adiar a finalíssima do evento para o dia 1º de março, em sinal de respeito aos jovens e a suas famílias. Já o prefeito Celso Brito decretou feriado municipal após as 12 horas da segunda-feira e luto oficial de três dias, em todo o município.

Corpo presente

Às 13 horas da segunda, aconteceu Missa de Corpo Presente, celebrada pelo frei Vicente da Silva Pereira, que estava visivelmente emocionado. Mais de 3 mil pessoas superlotaram a Matriz de Nossa Senhora do Carmo. O trajeto entre a Igreja e o Cemitério Municipal, pela rua Silviano Brandão, foi acompanhado por mais de 7 mil pessoas, que seguiram junto com os cinco meninos até o local do sepultamento. Um clima de profunda tristeza e abatimento tomou conta da cidade durante toda a semana.”.
Da Folha de Frutal (Ano V, Frutal, 09 a 15/02/1985 – Nº. 177), sob o título “Povo de Frutal comovido com tragédia automobilística”, traslademos apenas o seguinte:
“Uma das maiores tragédias da história automobilística de Frutal ocorreu no dia 3, próximo das 15 horas, no trevo da BR-364.” – acrescentando que os jovens, ao voltarem de um passeio, “ao chegarem no trevo, adentraram a pista, sendo colhidos por uma carreta de Rio Claro. Quatro morreram no local do acidente,somente Vítor sobreviveu, morrendo ao dar entrada no HSJ.”.
Depois de afirmar que “a Prefeitura, o Comércio, o Judiciário e o Festival da MPB de Frutal tiveram suas atividades interrompidas, em homenagem aos falecidos”, conclui:
“Profunda comoção tomou conta da população e dos parentes com a tragédia que enlutou quatro famílias da nossa sociedade: os Alves de Souza; os Souza e Silva, Cardoso e Santana.”
Queremos registrar aqui os nossos exímia ao Sr. Mauro de Menezes pela recolta do material de que estamos nos servindo, rogando a Jesus lhe ilumine cada vez mais os passos de dedicado tarefeiro do Espiritismo-Cristão, não somente em Frutal, mas em toda região triangulina.
Deixamos para a Segunda Parte os demais Espíritos comunicantes, amigos que desempenharam suas respectivas missões na vida física, em outras regiões de nosso País, dispondo-os, também, em ordem alfabética.

2 – A Mensagem de Alexandre, o Português

Alexandre Furtado Cardoso nasceu no dia 12 de março de 1973, em Frutal, Minas, filho de José Maria Cardoso, português, e de D. Zilda Furtado Cardoso, residentes à Rua Prudente de Morais, nº. 15, telefone: 421-2146.
1 - Vovô Dirceu – Trata-se de Dirceu Furtado, avô materno, nascido a 5 de maio de 1905, e desencarnado em Frutal, a 19 de setembro de 1981.
2 - Rodrigo – Rodrigo Junqueira Alves de Souza, sobre quem falaremos no próximo capítulo, realmente, era o motorista do Sedan Volkswagen 1.300, colhido, amassado e arrastado por uma carreta, na tarde de 3 de fevereiro de 1985.
3 - Dr. Sandoval – A respeito do Dr. Sandoval Henrique de Sá, eís o que noticia o Jornal Esquema, no 2º Caderno da edição especial (Nº231 1" de julho de 1978) : "Faleceu em Campinas, No Hospital Vera Cruz, vítima de uma insuficiência cardíaca pós-operatória,o médico frutalense e líder político, Sandoval Henrique de Sá, no dia 17 de junho último.
O corpo foi transladado para Frutal e o seu sepultamento deu-se no domingo, às 15 horas.
Filho de Henrique José da Silva (advogado, engenheiro, acadêmico de medicina quando faleceu) e Benedicta de Abadia Guimarães, nasceu em Pirinópolis, GO, no dia nove de março de 1892. Em 1918, formou-se em Medicina pela Universidade do Brasil, do Rio de Janeiro. Quando a gripe espanhola assolava várias partes do país, ele olhou para o mapa e procurou uma cidade que ficasse no final de uma estrada de ferro. Localizada Frutal, 30 quilômetros distante da Estrada de Ferro Paulista, em Colômbia, no Estado de São Paulo, e para cá se dirigiu. No dia 8 de setembro de 1938 casa-se com Durvaleta, frutalense, formada em farmácia pela faculdade de Ribeirão Preto. Do casamento nasceu a filha única, Sônia, casada com o advogado Jesus de Aquino Jayme, pais de Valéria, a neta que ele adorava.
Abrir estradas foi o seu sonho maior. Na companhia de Abdo Amim, Henrique farmacêutico e João Bernardo, abriu a primeira, ligando Frutal a São Francisco de Sales.
Quando foi inaugurado o trecho da BR-364, ele estava muito feliz ao lado da sua mulher quando alguém passando e vendo o seu contentamento disse: parecem um casal de namorados. Prontamente, dona Durvaleta respondeu: “não, a sua verdadeira namorada é esta estrada”. Foi um riso geral.
Embora gostando apaixonadamente de estradas, jamais se descuidou da medicina e, periodicamente, ia ao Rio de Janeiro participar de cursos e congressos. (“Frutal perde seu líder e estrada ganha o seu nome”.)
De Martins, no mesmo jornal, em “Abraçou uma obra maior que a sua própria existência”, assim concluiu a sua lúcida página sobre o distinto médico e engenheiro reencarnado:
“Embora médico que muito contribuiu para o engrandecimento da medicina, sua vocação situava-se no campo da engenharia e construir estradas que permitissem uma integração entre vários pontos do País era o ideal que o acompanhava durante as 24 horas do dia.

CONTINUA AMANHÃ

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